Condado Tech: Tecnologia ainda atrai muita grana, mesmo com o dinheiro ficando ‘mais caro’
Você comentou bem, gostou, então aqui está a segunda edição da Carta do Condado Tech
Você comentou bem, gostou, então aqui está a segunda edição da Carta do Condado Tech, aquela na qual te contamos sobre tecnologia não como em uma apresentação de slides infinita, entediante e prolixa, mas sim de maneira direta e com o que você precisa saber para não ficar de fora do que acontece de relevante nesse setor.
Se seu interesse é o de sair da superficialidade do “olha só quantas empresas de tech estão demitindo” ou mesmo do “que bela alta nesse começo de 2023” (esquecendo do “detalhe” que foi a queda de 2022), pega o café e separa uns minutos para ler a mais nova edição da Condado Tech.
Big Techs: para sempre enormes ou em breve fragmentadas?
Apesar da guerra dos buscadores estar em marcha máxima hoje, é difícil não ter poucos nomes na cabeça quando te perguntam sobre algum setor muito dependente de tecnologia.
Um pouco mais raro, mas não impossível, é vir apenas um nome na cabeça.
Pelo lado do investimento isso é excelente: uma grande empresa que domina mercado quase sem concorrência tende a entregar os resultados com maiores margens. Já do lado de quem acessa os serviços ou consome os produtos, ainda que exista muita qualidade, uma péssima notícia é não ter tanta escolha assim para fazer.
E essa pouca escolha já é alvo de discussão hoje mesmo: são as tais regulações antitruste. Fica fácil explicar com um caso muito, muito antigo, do império Rockefeller. Em 1870 o grupo Standard Oil concentrava em um grupo só a imensa maioria de refinarias, distribuidoras e revendedoras de petróleo e derivados nos EUA. Literalmente quem ficava fora disso não sobrevivia, simplesmente quebrava.
Querendo reduzir essa arapuca, em 1890 com o Sherman Act e em 1914 com a Federal Trade Commission Act e a Clayton Act -- todos esses foram bem alterados de lá pra cá, mas seguem válidos até hoje –, medidas diretas foram tomadas para forçar essa quebra de monopólio.
O que isso tudo tem a ver com as big techs que temos hoje? Simples: o fato de que o enorme poder que elas têm sobre diversos setores ao mesmo tempo já é alvo de questionamento, em ações que já renderam multas bilionárias aplicadas, por exemplo, ao Google pela instituição antitruste europeia.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, existe hoje a discussão de uma multa de mais de quatro bilhões de euros em um tribunal de Luxemburgo tratando sobre medidas que o Google tomou para supostamente restringir ao seu próprio buscador as escolhas de alguns fabricantes de celulares e também produtores de aplicativos por lá. E esse é um dos processos que a gigante enfrenta hoje.
É bem remoto o cenário em que as big techs de hoje sejam desmembradas quase como o que se passou com o império Rockefeller mais de cem anos atrás. Mas a sirene foi tocada. A parte mais curiosa é que existem análises que dizem que os negócios mais lucrativos dessas big techs, se forem desmembrados, talvez se tornem ainda mais lucrativos do que já são. Tem gente torcendo para a regulação vir logo. Aguardemos os próximos capítulos…
FAANGs saem de campo, entra MATANA no lugar
A sigla da moda dos últimos anos trouxe tantas alegrias em sequência que muitos custam até agora a entender o que se passou no ano de 2022. Desse grupo inicial, apenas Apple conseguiu manter destaque - o que talvez (talvez!) tenha a ver com o aparelho que você usa para ler essa carta agora, o fone que utiliza para as calls de todo dia ou o relógio inteligente que você adora registrar suas atividades físicas.
Em bom português: Apple segue firme e forte porque tem produtos (mais de um e com um conjunto interligado entre eles) com boa margem e público consumidor bastante fiel. Essa mesma situação não acontece em nenhuma das outras concorrentes, que sofreram muito ano passado e, mesmo em um rally recente, ainda estão bem distantes de seus respectivos níveis de preços máximos atingidos.
O que parece ter entrado no lugar, se seu caso for o de abraçar siglas divertidas para ações, é a MATANA. No lugar das anteriores Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google, agora temos Microsoft, Apple, Tesla, Amazon, Nvidia e Alphabet.
Se for bem olhar, ainda há bastante similaridade desse grupo com o anterior, algumas apenas mudaram de nome (por exemplo Google, que virou a holding Alphabet) e continuam sendo todas Big Techs. A diferença está no fato de que essas da nova sigla focam mais em uma receita ligada a negócios lucrativos agora do que no futuro.
Nvidia e Microsoft, por exemplo, entregam resultados palpáveis e presentes hoje em microprocessadores e softwares. O Meta até esses dias despejava bilhões de dólares por trimestre no metaverso, projeto que eles mesmos já viraram a mão e estão deixando definhar agora.
Tudo bem que a briga maior no campo da renda variável segue sendo entre ações de valor e ações de crescimento -- e as da sigla MATANA estão no segundo grupo –, mas aparentemente, no mundo em que o dinheiro voltou a ter custo, essas tendem a se desempenhar melhor e valem a pena de serem olhadas com mais atenção.
Segurança digital: quem não tem, tem medo!
Hoje qualquer setor que acabe se destacando se caracteriza por dois itens que não falham: (1) a geração de dados (internos ou não) enorme e (2) o interesse ainda maior em trabalhar esses dados. Em bom português: o novo “vamos estudar a estratégia dessa empresa” é o “vamos olhar os dados gerados e saber o que tem de diferente aí”.
Em 2022 observamos o desaquecimento de empresas do setor de tecnologia e ganhos notáveis no setor de commodities (principalmente as energéticas). Adivinha o que veio junto com esses ganhos? Isso mesmo: um aumento de quase 90% de ataques hacker sobre as estruturas de tecnologia da informação dessas empresas, segundo estudo feito pela Dragos Inc.
Esse tipo de ataque pode acontecer a, basicamente, qualquer tipo de instalação: sejam os sensores que comandam a atividade de extração de petróleo offshore, o datacenter de uma grande empresa ou até mesmo os drones que verificam o estágio de uma lavoura. Adicionando a isso as tensões geopolíticas em curso, fica fácil entender o porquê das preocupações serem cada vez maiores.
Informação é poder e quem bebe a água mais fresca da fonte sai na frente. Além disso, o seguro morreu de velho. Se essas duas frases provavelmente ditas pelo seu avô não estiverem fazendo sentido hoje sobre o local onde você trabalha e a estrutura de dados dele, chacoalhe o coreto por aí se não na próxima onda vocês serão o camarão levado embora.
Por falar em segurança digital…
Duas formas bastante inteligentes de se pensar em segurança digital levam em conta itens de nomes talvez complicados, mas com bastante utilidade: blockchain e smart contracts.
Blockchain é como talhar uma informação numa pedra: não dá simplesmente para “apagar” o que se colocou ali, no máximo deixar marcas novas que ampliam esse histórico. Ter as informações do seu negócio salvas e com rastreio de alterações faz muito mais sentido do que você pode imaginar.
Smart Contracts representam a revolução de nome “agora sim contrato vai valer alguma coisa”. Sabe aquela situação em que você olha para um contrato e pensa que são tantas as cláusulas que ele simplesmente não será cumprido? Então: o funcionamento de um smart contract leva em consideração uma programação que impede a chegada de uma etapa seguinte sem que uma anterior seja cumprida. É o jeito mais direto de dizer que você nunca mais estará usando um mero "contrato de gaveta". Simples assim.
Nossos parceiros da Foxbit possuem um arsenal de escudos de defesa quando o assunto é a segurança digital e a otimização de transações para empresas, inclusive com uma solução para recebimento em criptomoedas, que acabou de sair do forno. Com essa ferramenta os pagamentos são otimizados, porque a velocidade de efetivação deles pode aumentar e a estabilidade da rede ser ainda maior. Tipo um PIX, mas sem precisar de banco, sabe? Vale a pena ficar de olho para saber como funciona.
Dinheiro enxugando planos de Wonka
Sabe aquela grande ideia de fazer uma sede toda bonita, cheia de boas intenções e teto com placas solares para não prejudicar o planeta? Então: geralmente quando o dinheiro encurta ou passa a ter custo, a criatividade começa a ficar mais serena.
Isso aconteceu com uma grande empresa de serviços de nuvem que começou vendendo livros na internet no meio dos anos 1990 e também com uma grande corretora que está “voltando às raízes” nos dias de hoje.
Uma coisa é fato: a exuberância dos planos em tempos de dinheiro que chove dos céus é inversamente proporcional ao choque de realidade dos tempos de vacas magras. Nisso aí não tem setor especial: ninguém larga a mão de ninguém!
Foi bom ter feito companhia pro seu café, só esperamos não ter jogado água nele. Até a próxima Condado Tech!
Trazer alguém de tech pra redação vai tornar o texto ainda melhor Parabéns !!