Prioridade não falta, entrega já são outros 500
O mundo anda tão estranho que até mesmo quem, anos atrás, fez IPO dizendo que não tinha a menor ideia de quando reverteria o prejuízo, atualmente divulga resultados lucrativos. E pra continuar a estranheza, a verdade incontestável de que o dólar é a moeda preponderante do mundo pode estar com os dias contados…
Carta Tech do Condado está aqui, pega o café e aproveita pra ficar por dentro do que importa!
Prioridade não falta, entrega já são outros 500
Elon Musk: a pessoa que ajudou a fazer uma moeda digital do cachorro japonês (a Shiba Inu coin) disparar, anunciou que o truck que sua empresa produz iria dominar o mercado (mas começou a entregar as encomendas com dois anos de atraso), comprou uma rede social e moeu mais de 50% do valor dela e, bem recentemente, está chamando a atenção por querer lutar - literalmente - com outro bilionário.
Musk tem seus fãs e críticos, mas certamente é uma figura que movimenta mercados, seja em função dos ruídos que gera ou das entregas que faz. Mas é justamente sobre essas entregas que podemos estar vivendo uma era de muitos esclarecimentos sobre o setor tech.
Os juros subiram bastante no mundo desenvolvido, então o clássico “aporta alguns milhões aqui na minha startup, vou te mostrar o porquê em uma bela apresentação de slides” virou - finalmente! - o bom e velho “show me the money” e agora as empresas têm que mostrar lucro de verdade (e não só expectativa de lucro em algum momento no futuro)
Um meio fácil de reparar o efeito prático do juro mais alto é olhar as notícias: hoje em dia “tal empresa deu lucro” ou “como tal negócio vai justificar o dinheiro aportado” são assuntos que ganham mais destaque do que frases que ouvíamos em um passado recente do tipo “veja a ação que subiu dois dígitos” (ação com um preço que, mesmo se você tivesse acesso ao mesmo powerpoint que o fundo de venture capital que aportou uma bela grana, não seria capaz de entender como chegaram àquela valuation). A tradução de juro mais alto não poderia ser mais direta: o custo de financiamento aumentou e com isso quem empresta ficou mais rigoroso na hora de emprestar.
Então, voltemos ao gênio mais odiado da atualidade: seria Elon Musk o wake up call e o símbolo global de que a música do dinheiro grátis já parou de tocar e começou o tango dos resultados melancólicos? Seria as ações do Twitter a proxy para a correção de preços que estaria por vir no setor de tecnologia com essa subida de juros?
Por enquanto, muita gente está ignorando o fato de que há uma nova música tocando - talvez porque existe um empolgante mono-assunto puxando os resultados no setor tech: Inteligência Artificial. Para se ter uma ideia, apenas em uma recente apresentação trimestral da Alphabet (a nave-mãe do Google), foram mais de 140 vezes que se citou “AI”.
Com menos de dez empresas do S&P500 puxando o atual bull market (e praticamente todas elas falando tanto de AI), vale ficar de olho em como tanta citação repetida irá virar dinheiro. Se não, de AI logo vira “ai” - de dor, mesmo.
Moeda comum, tecnologia e redução (possível) do uso do dólar
Se você já ouviu nos últimos tempos sobre alguma ideia que envolva “moeda comum” e pensou que isso era uma besteira sem precedentes, impossível de rolar ou qualquer coisa do tipo, tenho uma má notícia: trata-se de algo que, na Ásia, pode virar realidade mais rápido do que você imagina.
Índia e Indonésia estão, nesse exato momento, estudando um meio tecnológico de aumentar as transações entre si utilizando o caminho direto, sem passar por uma terceira moeda: as transações comerciais entre os dois países aumentaram, e agora pretendem eliminar o dólar como moeda intermediária e utilizar as moedas dos dois países diretamente nas trocas.
E a coisa não para por aí: nos últimos meses, o sistema de pagamentos em Rúpias indianas (a moeda da Índia) alcançou economias como Singapura e, enquanto isso, ainda existem discussões para que seja possível também transacionar dessa forma mais direta com Japão, França e Arábia Saudita. O próprio Banco Central da Índia já permite hoje que alguns bancos de lá façam transações internacionais em Rúpias, ante usar a moeda americana para tais transações.
“E daí? Vou continuar usando dólar, qual é a diferença?”. A diferença é que a Índia, país atualmente mais populoso do planeta e que tem o maior avanço digital de sua população (com quase 700 milhões utilizando internet e 1,1 bilhão de conexões móveis, segundo informações do Data Reportal), faz diferente da China em relação a transações internacionais: o interesse indiano é de ampliar essa presença de modo transparente, aberto e comunicado, bem diferente dos solavancos súbitos e com critérios um tanto quanto questionáveis que são típicos do vizinho chinês.
Em um livro, “Factfullness”, que abre a cabeça sobre como o mundo é mais tocado por dados do que por coisas que “são assim e pronto”, Hans Rosling levanta um ponto interessante: o fator populacional conta muito para estimarmos a capacidade futura de crescimento de um país em termos gerais.
Quando olhamos para a Índia, há ainda um fator adicional: não é simplesmente a maior população do mundo, mas uma das que mais avança em formação específica. São cerca de 1,5 milhão de novos engenheiros graduados todo ano e apenas uma pequena fração deles fica por lá - menos de 5%, segundo um levantamento de 2020 trazido pela Times of India. Não é difícil, portanto, entender como temos CEOs indianos em empresas tão relevantes como Adobe, Mastercard, Alphabet, Microsoft, IBM e Pepsico.
Não sei se você ainda segue com a tese de que é impossível reduzir o uso do dólar pelo mundo, mas saiba desde já que tecnologia para isso existe e está sendo colocada na mesa de modo mais silencioso e menos populista do que se pensa.
Inclusive, não dá para falar em transações entre países sem falar no nível de segurança associado a essas transações. A forma mais segura que temos hoje são as operações de pagamentos digitais que ocorrem via blockchain, um sistema descentralizado, criptografado e de verificação ponto-a-ponto.
Nesse segmento, nossos parceiros da Foxbit são pioneiros e líderes na oferta de soluções B2B para pagamentos digitais e outros serviços em blockchain.
Desde tokenização de ativos, passando pelo recebimento em moedas digitais e até soluções que envolvam permitir que seus clientes usem criptos em sua plataforma: dê uma olhada nas ferramentas B2B que a Foxbit oferece, é possível que você esteja perdendo oportunidades e nem saiba. O setor de pagamentos digitais cresce de forma acelerada, certamente em um futuro próximo você e sua empresa vão precisar se adequar.
Tecnologia segue sendo um campo que demanda atenção não apenas porque as coisas podem mudar a qualquer momento e afetar sua vida, mas justamente porque as grandes ondas demoram a ser percebidas e, geralmente quando o são, já passaram. É aquela boa e velha metáfora do sapo na panela de água fervente. Conectar pontos diante de tanta complexidade é, ao mesmo tempo, difícil e necessário.
Certo estava o Zeca Pagodinho esse tempo todo: camarão que dorme, a onda leva!